A história da Costa do Descobrimento
pode começar a ser contada a partir de 22 de abril
de 1500, quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral
avistou uma elevação de formas arredondadas
- o Monte Pascoal, que fica ao sul do município.
Em busca de um lugar seguro para atracar, as treze embarcações
navegaram ao longo da costa em direção no
norte e acabaram fundeando, um pouco antes do anoitecer
do dia 24 de abril, numa enseada larga e de águas
profundas que, mais tarde, seria chamada de Baía
Cabrália, na atual cidade de Santa Cruz Cabrália.
Quando partiu, no dia 2 de maio, Cabral
deixou ali dois degredados com a missão de aprender
a língua e os costumes dos índios tupiniquins,
além de dois grumetes que desertaram para se aventurar
pelas exuberantes matas tropicais. Era o início da
ocupação das novas terras pelos homens brancos.
Durante as três primeiras décadas depois do
descobrimento, no entanto, a Coroa Portuguesa não
tomou nenhuma iniciativa consistente com vistas à
colonização do território brasileiro.
Limitou-se a enviar expedições de reconhecimento
que traçaram mapas do litoral. Por volta de 1504,
uma esquadra comandada por Cristóvão Jacques
deixa na região de Porto Seguro, um numeroso grupo
de portugueses.
Não se sabe se foi nessa expedição
ou se foi mais tarde, em 1516, que vieram dois franciscanos
a quem se atribui a construção da Igreja da
Glória - primeira igreja do Brasil, da qual restam
apenas ruínas -, num outeiro de mesmo nome. No sopé
desta elevação, surgiria a Aldeia de Santa
Cruz. A economia da aldeia baseava-se na extração
do pau-brasil, árvore freqüente em toda costa,
da qual se extraía tintura vermelha para tecidos,
muito procurada na Europa. A tentativa de estabelecer um
núcleo de ocupação, no entanto, sofria
com os constantes ataques dos índios aimoré,
que praticamente dizimaram o povoado, matando e devorando
boa parte dos portugueses e os dois padres franciscanos,
além de destruir a igreja construída por eles.
Em 1532, quando o litoral brasileiro já era constantemente
saqueado por corsários em busca do pau-brasil e circulavam
notícias da descoberta de metais preciosos na América
espanhola, Portugal decide promover a ocupação
do território através do sistema de capitanias
hereditárias. A Capitania de Porto Seguro, cujos
domínios se estendiam da margem direita do rio Jequitinhonha
à margem esquerda do rio Doce, foi concedida a Pero
Campos de Tourinho, nobre português de Viana do Castelo.
Em 1534, depois de vender tudo quanto possuía,
transfere-se para o Brasil, em duas caravelas e duas naus,
trazendo mulher, os filhos Fernão e André,
parentes e colonos - 600 pessoas ao todo. No mesmo ano,
ordena a fundação da vila de Nossa Senhora
da Pena, onde hoje está a cidade alta de Porto Seguro,
e a transferência da Aldeia de Santa Cruz para uma
elevação próxima à foz do rio
João de Tiba, mais ao norte, no atual município
de Santa Cruz Cabrália.
Com a criação da capitania,
a economia diversifica-se. A vila torna-se uma base a partir
da qual se organizavam expedições para o interior
do país em busca de pedras e metais preciosos. Além
disso, engenhos de açúcar se instalam na região.
No entanto, o povoado continuaria a ser atacado pelos aimoré.
Esta situação instável era comum à
maioria das capitanias. Os colonos portugueses acabavam
mortos, suas casas destruídas e lavouras incendiadas.
O fracasso das capitanias levou Portugal a instalar, em
1549, um governo geral em Salvador. Além de tropas
e navios preparados para defender a costa, o primeiro governador-geral,
Tomé de Souza, trouxe consigo os jesuítas
para a catequese do gentio. Esta ordem religiosa foi fundamental
para promover a colonização. Os jesuítas
chegaram à região de Porto Seguro no mesmo
ano da instalação do governo geral. Além
das residências como a do Salvador, situada na própria
Vila de Nossa Senhora da Pena, fundaram também aldeias
jesuíticas em outros pontos da capitania para onde
atraíam os índios dispostos a serem catequizados
em troca da proteção contra a escravidão.
Era o caso das aldeias de São João dos Índios,
atual Trancoso, e de Ajuda.
A capitania de Porto Seguro permaneceu
praticamente sem nenhum desenvolvimento até meados
do século XVIII. Em 1760, o Marquês de Pombal
inaugura uma nova política para a colônia portuguesa,
expulsando os jesuítas e incorporando a capitania
à Coroa. Esta medida melhora um pouco a situação
de pobreza que vigorava naquelas bandas. No século
XIX, a vila sobrevivia da pesca e da construção
de embarcações, além do corte de madeira
e da agricultura.
Em 1954, tem início a construção da
estrada Rio-Bahia, a BR-101. Por um lado, a rodovia trouxe
algum desenvolvimento à região. Por outro,
criou as condições para a devastação
de boa parte das matas que ainda existiam ali. Com a conclusão
da BR-101, em 1972, Porto Seguro começaria um novo
período da sua história ao se transformar
num dos mais procurados destinos turísticos brasileiros.
Além dos monumentos, igrejas e casario, também
a belíssima paisagem que viu passar a esquadra de
Cabral evoca a história. Em 1976, todo município
foi tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
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